Faltando 500 dias para o início da Copa do
Mundo de 2014 no Brasil, mais da metade das obras planejadas pelas autoridades
públicas para preparar o país para receber o torneio estão atrasadas e correm o
risco de não ficarem prontas a tempo. Em seis das 12 cidades-sede, as
autoridades já desistiram de concluir antes de 2014 o que se propuseram a
fazer. Todos os estádios, que deveriam ser construídos com dinheiro privado,
foram ou estão sendo erguidos com dinheiro público. Os aeroportos também estão
com obras atrasadas, e alguns estarão em obras durante o Mundial.
O país vem se preparando para sediar o
evento desde outubro de 2007, tendo criado um plano de obras e intervenções
urbanas que deveria ser concluído com tempo de sobra, deixando no país um
legado que sobreviveria à competição. Não é o que irá acontecer. A Copa, porém,
será realizada. Não da maneira nem pelo preço inicialmente planejados, isso já
é certo, mas ainda assim de modo satisfatório, segundo acredita Ricardo Trade,
diretor de operações e CEO do COL (Comitê Organizador da Copa de 2014).
"Pode até faltar uma coisa ou outra, mas (a Copa) vai funcionar",
afirma o executivo.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte,
Trade afirma que os estádios estarão operantes, mesmo "que falte pintura
na calçada" em uma ou outra arena. Para ele, os aeroportos estarão
funcionando, e conseguirão suprir a demanda, mesmo que seja necessária a
criação de um sistema de "bate e volta", levando e trazendo de volta
as pessoas para as cidades-sedes que não tiverem estrutura hoteleira suficiente
para receber todos os turistas do evento.
Já o ministro do Esporte, Aldo Rebelo,
embora admita atrasos e aumento de custos, acredita na capacidade de superação
do povo brasileiro para realizar uma Copa de sucesso: "O Brasil tem que mostrar
sua capacidade e superar suas deficiências. Temos que reunir energias, esforços
e passar apoio para que caminhemos de mãos dadas", afirma. Para ele, os
atrasos são culpa do clima e do excesso de fiscalização nas obras.
Otimismo e justificativas à parte, fato é
que a forma como o país organiza a Copa do Mundo é diferente da maneira que se
previu inicialmente. Relatório publicado pela Fifa em 2007, onde a entidade
justificava a escolha do Brasil para sediar a Copa de 2014, traz a seguinte
informação: "O modelo brasileiro para a Copa do Mundo de 2014 dará
prioridade ao financiamento privado na construção e reforma dos estádios. O
objetivo é erguer arenas modernas que atenderão ao padrão Fifa, enquanto os
recursos públicos serão aplicados em obras de infraestrutura, de aeroportos,
rodovias e hospitais". Confira, abaixo, como a previsão da Fifa contrasta
com o que vem sendo feito para preparar o Brasil para a Copa.
Estádio Nacional de Brasília |
Nove dos dez estádios que ainda estão em
obras estão atrasados. Todos os 12 estádios irão custar mais caro que o
previsto inicialmente, como o Estádio Nacional, de Brasília (foto). O custo
total da construção e reforma dos estádios para o Mundial passou de R$ 5
bilhões em 2010 para R$ 7 bilhões em dezembro de 2012, de acordo com o
Ministério do Esporte
Mobilidade Urbana |
As obras em 50 das 102 construções ou
reformas programadas estão atrasadas, muitas correndo o risco de não ficarem
prontas a tempo. Além disso, em seis das 12 cidades-sede, as autoridades locais
já desistiram de entregar algumas de suas principais obras de mobilidade urbana
antes de junho de 2014, quando terá início o Mundial de futebol. São elas
Brasília (DF), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN) e São
Paulo
Aeroporto |
Ainda existem dúvidas sobre a capacidade
dos aeroportos brasileiros de atender toda a demanda que será criada pelo
torneio. Duas coisas, entretanto, já estão certas: as obras nos terminais
custarão mais do que o inicialmente previsto e só estarão prontas depois do
prometido.
Em 2010, a lista de preparativos para o Mundial de
2014 previa investimentos de 5,56 billhões em 13 aeroportos do país, os das 12
cidades-sede da Copa, mais o aeroporto de Viracopos, em Campinas. Hoje , a
conta está em R$ 6,82 bilhões
Porto de Manaus |
As setes obras portuárias incluídas da
lista dos preparativos para o Mundial devem estar prontas três meses antes do
torneio e custarão, ao todo, 8% a menos do que o previsto no orçamento
original, de setembro de 2011 O prazo e a redução no custo, porém, não devem
ser comemorados. Pelo contrário. Se as obras nos portos da Copa estão mais
"baratas" hoje do que há um ano e meio é porque já foi constatado que
não será feito tudo o que havia sido prometido
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