A luta de despedida do campeão mundial Acelino Popó Freitas contra o lutador latino americano Michael Oliveira está marcada para o dia 02 de junho, em Punta Del Leste (Uruguai), no luxuoso Cassino Conrad. O local é passagem indispensável por turistas de vários países, principalmente brasileiros, pela facilidade de acesso já que não há necessidade de visto.
Faltando poucos dias para a disputa, Popó ameaçou não subir nos ringues por ser proibido de exibir a marca de seu patrocinador nas luvas, no momento da luta. Segundo Popó, a condição foi imposta por Carlos Oliveira, pai de seu rival e organizador do evento. Os responsáveis pelo duelo garatem que tudo não passou de um mal entendido.
O campeão resolveu voltar aos ringues por um pedido de seu filho mais novo e prometeu em rede nacional nocautear o seu adversário, a quem chamou de "gaiato". Freitas considerou o desafio do jovem lutador como uma falta de respeito ao seu título de tetra campeão mundial ao constatar que Oliveira tem pouca experiência como lutador e ainda não enfrentou nenhum grande nome do boxe mundial: “apenas duas lutas como amador e já se tornou competidor profissional?!”, expôs Popó.
Popó relata que se sentiu ainda mais motivado com as mensagens que tem recebido diariamente no twitter e facebook com frases indignadas de seus fãs contra a atitude do jovem Oliveira, como: "Derruba ele, Popó!". “Você precisa mostrar pra ele quem é o campeão mundial!". Ao mesmo tempo outras tantas declaram acreditar na vitória de Acelino nocauteando no primeiro round, como ele costumava fazer.
Cassino Conrad Hotel, onde irá acontecer a luta |
O fato é que o cartel do campeão não intimida Michael, quatorze anos mais novo que o rival. Os dois treinam todos os dias: Freitas em Brasília, no Centro de Treinamento Popó Fight Club, e Oliveira em Miami, onde mora desde a infância com a família. O latino-americano treina com o cubano Orlando Cuellar, que é conhecido pelo trabalho que desenvolveu com o boxeador Glen Johnson. O treinador, Ulysses Pereira, que acompanha Popó há mais de dez anos, garante que seu atleta está preparado e não perdeu a agilidade, mesmo com dez quilos a mais e competindo numa categoria superior - super meio-médio.
A disciplina e a corrida contra o tempo fazem parte do dia a dia dos dois competidores. Acelino se divide entre treino e cumprimento do seu mandato como Deputado Federal entre outras atribuições no papel de defensor do esporte, enquanto Michael concilia a preparação para a luta com as aulas do curso de fisioterapia na Universidade da Flórida.
Em entrevista, Oliveira chegou a apostar com o apresentador de um programa que derrubará Popó e vencerá essa luta. Ele, por sua vez, se diz ansioso para mostrar ao jovem adversário o porquê conquistou quatro títulos mundiais, em duas categorias diferentes. Será que o jovem lutador conseguirá suportar a ação da famosa "mão de pedra"? Será que o veterano sentirá o peso da idade?
Veja o relato dos campeões.
"Vai ser fácil bater nele. Quando subia no ringue eu lutava contra a fome, contra o preconceito e contra a desigualdade social, tentando garantir uma condição melhor a minha família. No começo eu treinava com restos de espuma de colchão que substitua as luvas de boxe que eu não tinha como comprar; dormia no chão; lutei muitas vezes regado a pão duro e ki suco e consegui me tornar quatro vezes campeão mundial. Vou subir nos ringues novamente, pelo meu filho e pela minha convicção de que o esporte muda a vida das pessoas por meio da inclusão social. Sei que sirvo de inspiração para milhares de jovens que passam pelas mesmas dificuldades que enfrentei um dia. A minha luta de despedida será emocionante. Trarei a vitória nas mãos de pedra, que são eternas bênçãos de Deus na minha vida. E Ele estará comigo", acrescenta Popó.
"Em primeiro lugar, lutar contra Popó é um sonho. Assisti a uma luta dele com 13 anos, aqui nos EUA, quando ele foi lutar contra um argentino. Fui ao vestiário. Ele foi um excelente boxeador. Mas agora é a minha vez. Ele pode falar o que quiser na TV, que eu sou um palhaço, uma criança, que vai me bater. Ele pode provocar à vontade. A gente vai lutar de qualquer jeito e tudo vai ser decidido dentro do ringue. Tenho a oportunidade de nocautear um político sem ir para a cadeia", relatou Michael confiando na vitória.
"Não sou conhecido por ser um político. Quando estou fora da Câmara, nem gosto que me chamem de deputado. Sou um esportista tentando fazer algo pelos jovens e para mudar a cara do esporte no Brasil. Por isso estou lá. Quero trabalhar em prol do que acredito: esporte como inclusão social. Acho que ele esqueceu que eu vim da periferia e construí o meu futuro com muita luta. Ele vai aprender a respeitar o meu título de tetra campeão mundial", rebateu Popó.
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